Energia: Mais renováveis, Maior eficiência, Mais emprego
Rio+20 – Como resolver as crises alimentar, energética climática e financeira?
A
Conferência Rio+20 terá lugar no Rio de Janeiro entre 20 e 22 de junho e
reunirá primeiros-ministros e chefes de Estado de todo o mundo. Ao mesmo tempo,
e durante duas semanas, terá lugar na mesma cidade, a Cúpula dos Povos, uma
reunião de organizações não governamentais aberta a toda a população que
procurará fazer eco das ideias da sociedade civil sobre o futuro do planeta.
Depois do sucesso da ECO/92 há vinte anos com a aprovação de uma agenda mundial
para a sustentabilidade (Agenda 21) e três Convenções das Nações Unidas (clima,
desertificação e biodiversidade), a Rio+20 que terá lugar num ambiente de
pessimismo e preocupação generalizado é também uma forma de inspiração, de
mudança de paradigma, de uma sociedade que deve apostar verdadeiramente num
desenvolvimento sustentável e não apenas no crescimento.
Para
ultrapassarmos as várias crises que marcam o mundo (alimentação, energia, clima
e finanças) necessitamos de uma ação coordenada rumo a uma redução da pegada
ecológica, principalmente dos países mais desenvolvidos, através da aposta em
fontes renováveis e num uso o mais eficiente possível dos materiais e da
energia.
A
iniciativa da Quercus “5 Saídas Verdes para a Crise” pretende mostrar alguns
dos setores-chave em Portugal (energia, agricultura, florestas, pescas e
reabilitação urbana), onde o estímulo e o investimento não podem ser esquecidos
pela oportunidade de criação de emprego, assegurando uma maior independência e
sustentabilidade do país.
Quercus quer Portugal
com 100% de eletricidade renovável em 2050 e reposição de incentivos fiscais à
água quente solar
Em
dezembro de 2011, a Comissão Europeia adotou o Roteiro para a Energia 2050, um
programa de longo prazo que analisa os vários cenários para alcançar o objetivo
da União Europeia de descarbonização até 2050.
A
contribuição das energias renováveis para a descarbonização da economia
europeia é fundamental e incontornável. Neste Roteiro as projeções apontam para
as renováveis representarem pelo menos 55% do consumo final de energia em toda
a europa (que à data do Roteiro representava 10%). No consumo de energia
elétrica o peso das renováveis varia entre de 64% a 97%, dependendo dos
cenários.
Portugal
comprometeu-se a atingir uma quota de 31% de energia renovável no consumo final
de energia em 2020. Para este objetivo, será alcançada uma meta de cerca 60% de
consumo de eletricidade por fonte de energia renovável já em 2020.
Face
às necessárias políticas de mitigação das alterações climáticas, é fundamental
para Portugal, num cenário de descarbonização da economia, de independência
energética e da criação de emprego verde, definir uma meta de 100% de energia
elétrica renovável para 2050. Esta é uma meta ambiciosa, mas realista. Para
tal, é necessário desenvolver e apoiar as redes inteligentes e de ligar a
produção de energias renováveis nas redes europeias. Num horizonte de 40 anos
conseguiremos ultrapassar os desafios da intermitência de produção de algumas
renováveis, proporcionando soluções de armazenamento da eletricidade. Note-se
que um objetivo desta magnitude já foi assumido pelos governos da Alemanha e
Dinamarca e seria uma meta relevante a traçar neste Ano Internacional da
Energia Sustentável para Todos.
No
que respeita à produção de energia primária de fontes renováveis com outras
utilizações que não eletricidade, a Quercus considera que a água quente solar
requer a reposição de incentivos fiscais, mesmo em tempo de crise, pelos
benefícios imediatos e de médio e longo prazo que proporciona à economia e ao
ambiente, aproveitando as mais de 3300 horas de sol que privilegiam o nosso
país.
Setor energético deverá
ser líder no emprego verde
O
conceito de empregos verdes é uma tentativa de olhar para sinergias nas áreas do
emprego, energia e ambiente. O uso da energia e as pressões sobre o ambiente
atingiram uma escala sem precedentes. Apesar dos esforços de se estabelecer um
sistema energético de baixo carbono, tal ainda está longe de se atingir á
escala global. As energias renováveis mais modernas (excluindo as barragens e o
uso de biomassa), representam apenas 1% da energia primária à escala mundial e
as emissões de dióxido de carbono não param de acelerar.
A
energia é o setor onde o emprego pode vir a ter maior expressão num contexto de
desenvolvimento sustentável. As energias renováveis têm 5 a 40 vezes mais
empregos por MW que o aproveitamento dos combustíveis fósseis. A produção de
eletricidade a partir de painéis fotovoltaicos está associada a 10 vezes mais
empregos por GWh que numa central térmica a combustíveis fósseis. Em termos de
empregos por Euro gasto, o recurso à energia eólica e à combustão de biomassa
também revelam um maior número por comparação com o recurso a combustíveis
fósseis.
O
Programa das Nações Unidas para o Ambiente estima que número de empregos verdes
associados às energias renováveis deverá ser da ordem de 750 mil por ano. Numa
estimativa de mais longo prazo, considera-se que uma ação global coordenada no
quadro da sustentabilidade do planeta, deverá levar à criação média no mundo de
13 milhões de novos postos de trabalho verdes por ano até 2050.
Em
Portugal, já para 2015, prevê-se cerca de 61 mil empregos relacionados com o
setor das energias renováveis, sendo cerca de 6 mil empregos diretos. A
contribuição total do setor das energias renováveis para o PIB nacional em 2008
era de 2,1%, prevendo-se que atinja 4,1% em 2015.
Cacia/Aveiro, 15 de maio de 2012
A Direção Nacional da
Quercus
– Associação Nacional de Conservação da Natureza
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